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Venda do TikTok: Acordo Final entre EUA e China é Anunciado

Um "acordo final" para a venda do TikTok foi alcançado entre EUA e China, segundo o Secretário do Tesouro. O negócio reestrutura a propriedade do app nos EUA, resolvendo uma longa disputa geopolítica e tecnológica.

Caio Vinicius F. Cunha

Analista de Tecnologia e Inovação

26 de outubro de 2025

5 min de leitura

A longa saga sobre o futuro das operações do TikTok nos Estados Unidos parece ter chegado a um ponto decisivo. O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou neste domingo que os EUA e a China finalizaram os detalhes de um "acordo final" para a venda do TikTok. A declaração, feita durante o programa "Face the Nation" da CBS, sinaliza o desfecho de uma negociação complexa que se tornou um símbolo da tensão tecnológica e geopolítica entre as duas maiores economias do mundo.

Este acordo encerra meses de incerteza legal e comercial para a popular plataforma de vídeos, que conta com cerca de 180 milhões de usuários nos EUA. Segundo Bessent, todos os detalhes já foram resolvidos. O próximo passo será a formalização do negócio, que deve ser "consumado" pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping em uma reunião marcada para quinta-feira, na Coreia. O anúncio representa um desenvolvimento significativo, não apenas para a empresa-mãe ByteDance, mas para todo o setor de tecnologia global que opera sob crescentes regulações de segurança de dados.

O Contexto da Disputa e o Caminho até o Acordo

O conflito sobre a propriedade do TikTok não é recente. A disputa começou em 2020, durante o primeiro mandato do presidente Trump, com ameaças de banimento do aplicativo por preocupações de segurança nacional. A principal alegação era o temor de que a empresa-mãe chinesa, ByteDance, pudesse ser compelida a compartilhar dados de usuários americanos com o governo chinês.

A situação se intensificou em abril de 2024, quando o Congresso dos EUA aprovou uma legislação, assinada pelo então presidente Joe Biden, que forçava a ByteDance a vender o TikTok dentro de nove meses ou enfrentar um banimento completo no país. Com o retorno de Trump à presidência, o prazo foi estendido quatro vezes para permitir que as negociações de uma transferência de propriedade avançassem.

Um momento crucial ocorreu há cerca de 40 dias, em Madrid, quando negociadores dos EUA e da China estabeleceram um "acordo-quadro". Naquela ocasião, o Secretário Bessent e o principal negociador comercial chinês, Li Chenggang, confirmaram um "consenso básico". A China, no entanto, alertou os EUA para que não continuassem a "suprimir empresas chinesas". Esse quadro preparou o terreno para o anúncio do "acordo final" feito agora por Bessent.

A Nova Estrutura de Propriedade do TikTok nos EUA

Embora o Secretário do Tesouro não tenha divulgado os termos comerciais exatos, citando que a transação é "entre duas partes privadas", detalhes sobre a nova estrutura de propriedade e governança do TikTok emergiram com base no acordo.

Estrutura Acionária e Valor

O acordo, estimado em $14 bilhões, estabelece uma nova entidade baseada nos EUA para operar o TikTok. A composição acionária foi projetada para diluir o controle chinês e atender às exigências de segurança de Washington:

Investidores Americanos e Internacionais: Deterão a maioria da nova empresa, com cerca de 65% de participação.
ByteDance e Investidores Chineses: Manterão uma participação minoritária de menos de 20%.

O presidente Trump já havia indicado que entre os novos investidores americanos poderiam estar nomes como os magnatas da mídia Rupert Murdoch e Larry Ellison.

Governança e Controle do Algoritmo

O ponto mais sensível da negociação sempre foi o controle sobre o poderoso algoritmo de recomendação do TikTok. A solução para o impasse veio através de um decreto executivo (executive order) assinado por Trump em 25 de setembro, que pavimentou o caminho para este acordo final.

Conforme o decreto, a supervisão do algoritmo será transferida para os novos investidores. A governança da nova empresa refletirá essa mudança:

Conselho de Administração: A nova versão do TikTok será controlada por um conselho de sete membros.
Maioria Americana: Seis dos sete assentos no conselho serão ocupados por americanos, garantindo o controle dos EUA sobre as decisões estratégicas e de segurança da plataforma.

Essa estrutura foi desenhada especificamente para isolar os dados dos usuários americanos e o algoritmo de qualquer influência externa, abordando as preocupações de segurança nacional que motivaram a legislação.

Implicações Geopolíticas e Comerciais

O Secretário Scott Bessent esclareceu que seu papel principal na negociação foi "conseguir que os chineses concordassem em aprovar a transação", o que ele afirma ter sido "realizado com sucesso".

Este acordo sobre o TikTok não é um evento isolado. Bessent indicou que ele faz parte de um "quadro mais amplo" para um potencial acordo comercial entre os EUA e a China. A reunião entre Trump e Xi na Coreia deverá abordar essa pauta comercial mais ampla, além de formalizar a venda do TikTok.

Para a China, o acordo representa uma resolução pragmática que evita o banimento completo de uma de suas empresas de tecnologia de maior sucesso global, embora com perda de controle significativo sobre a operação nos EUA. Para os EUA, representa uma vitória regulatória no esforço de proteger o que considera ser sua infraestrutura de dados e segurança nacional.

Conclusão

A finalização da venda do TikTok encerra um longo capítulo de incerteza para seus 180 milhões de usuários nos EUA e redefine as regras para a operação de plataformas de tecnologia globais em territórios estratégicos. Pendente apenas da "consumação" pelos líderes dos dois países, este acordo serve como um marco nas complexas negociações que envolvem tecnologia, segurança de dados e comércio internacional.

Para empresas que atuam no ecossistema de tecnologia, o caso do TikTok sublinha a crescente e inevitável intersecção entre inovação, regulação governamental e geopolítica.