Microsoft Azure Mitiga o Maior Ataque DDoS da História: 15.7 Tbps
A Microsoft confirmou a mitigação de um ataque DDoS recorde de 15,72 Tbps contra um cliente do Azure. O incidente, impulsionado pela botnet Aisuru, redefine os padrões de segurança na nuvem e alerta para a vulnerabilidade de dispositivos IoT.

A segurança cibernética atingiu um novo marco histórico e alarmante em novembro de 2025. A Microsoft confirmou ter mitigado o maior ataque de Negação de Serviço Distribuída (DDoS) já registrado contra uma infraestrutura de nuvem. O evento não apenas quebrou recordes anteriores de volume de tráfego, mas também demonstrou a evolução das ameaças digitais em uma era de hiperconectividade.
Para empresas e profissionais de tecnologia, entender a magnitude deste incidente é crucial. O ataque, direcionado a um cliente do Azure na região da Austrália, atingiu um pico de 15,72 Terabits por segundo (Tbps). Este cenário expõe a necessidade urgente de infraestruturas resilientes e estratégias de defesa em camadas para suportar a nova "linha de base" dos crimes cibernéticos.
Neste artigo, analisaremos os detalhes técnicos deste ataque sem precedentes, a origem da ameaça e como a arquitetura de nuvem moderna conseguiu neutralizar o impacto sem interrupção de serviços.
O Recorde: 15.7 Tbps e a Escala do Ataque
No dia 17 de novembro de 2025, os sistemas de monitoramento do Microsoft Azure detectaram uma anomalia massiva de tráfego. O ataque foi classificado como multi-vetorial, visando saturar tanto a capacidade de banda (Throughput) quanto a capacidade de processamento da CPU dos servidores alvo.
Os números divulgados são impressionantes e superam significativamente os recordes anteriores da indústria, como os ataques de 7.3 Tbps reportados anteriormente pelo Google e outros de magnitude similar da Cloudflare. O incidente no Azure registrou:
- Pico de Tráfego: 15,72 Tbps.
- Volume de Pacotes: 3,64 bilhões de pacotes por segundo (pps).
- Método Principal: Inundações de pacotes UDP (UDP floods) de alta taxa.
Para ilustrar a escala deste ataque DDoS ao Microsoft Azure, especialistas comparam o volume de 15.7 Tbps à transmissão simultânea de aproximadamente 3,5 milhões de filmes em alta definição (streamings 4K) em um único segundo, todos direcionados a um único ponto de entrada. A robustez do ataque demonstra que os cibercriminosos agora possuem um "poder de fogo" capaz de derrubar infraestruturas nacionais inteiras, caso estas não contem com proteções de nível hyperscale.
Aisuru: A Nova Ameaça por Trás do Ataque
Análises forenses conduzidas após a mitigação atribuíram a autoria do ataque a uma botnet conhecida como "Aisuru". Esta rede de dispositivos infectados representa uma evolução perigosa do conhecido malware Mirai, sendo classificada por especialistas como uma variante "Turbo Mirai".
A eficácia da Aisuru reside na sua capacidade de arregimentar um exército digital massivo. Para desferir este golpe contra o Azure, a botnet mobilizou mais de 500.000 dispositivos infectados. O perfil desses dispositivos reforça um alerta antigo do setor de segurança: a precariedade da "Internet das Coisas" (IoT).
A grande maioria dos nós da botnet era composta por roteadores domésticos e câmeras IP comprometidos. Esses dispositivos, frequentemente mantidos com senhas padrão ou firmwares desatualizados, tornaram-se a munição principal para o ataque. A facilidade com que a Aisuru controlou meio milhão de aparelhos em diversas regiões globais aponta para falhas persistentes na higiene de segurança cibernética do consumidor final.
Estratégia de Defesa e Resiliência da Nuvem
Apesar da magnitude do ataque, o resultado final foi uma vitória para a engenharia de segurança em nuvem: a proteção do Azure detectou e mitigou o tráfego automaticamente, sem qualquer interrupção de serviço para o cliente.
A defesa foi possível graças à arquitetura distribuída globalmente (WAN) da Microsoft. A estratégia de mitigação envolveu:
- Absorção nas Bordas: O tráfego malicioso não chegou a atingir o datacenter regional na Austrália diretamente. Ele foi absorvido e distribuído por diversos pontos de presença da rede global da Microsoft.
- Processo de Scrubbing: O sistema realizou uma "lavagem" do tráfego, filtrando os pacotes maliciosos nas bordas da rede antes que pudessem causar saturação.
- Análise de Padrões: Curiosamente, os atacantes usaram portas de origem randômicas e pouca falsificação de IP (spoofing), o que, paradoxalmente, facilitou o rastreamento geográfico dos nós da botnet pelos sistemas de defesa.
Este episódio comprova que, diante do crescimento das redes 5G e da fibra óptica residencial — que aumentam a largura de banda disponível para ataques —, apenas arquiteturas de nuvem distribuída possuem a capacidade elástica necessária para suportar volumes dessa categoria.
Conclusão
O ataque de 15.7 Tbps mitigado pelo Microsoft Azure não é apenas um recorde estatístico, mas um aviso claro sobre o futuro da segurança digital. Com variantes de malware como a Aisuru explorando a expansão da IoT, a linha de base para ataques volumétricos continuará subindo drasticamente.
Para empresas, a lição é clara: a segurança local (on-premise) dificilmente conseguirá competir com a escala de ataques modernos. A migração para infraestruturas de nuvem robustas e a adoção de serviços de proteção DDoS gerenciados deixaram de ser diferenciais para se tornarem requisitos de sobrevivência digital. A CFATECH continua monitorando essas tendências para oferecer as melhores soluções de infraestrutura e segurança para o seu negócio.
Fontes
- [BleepingComputer / Microsoft Security Blog]
- [The Register / PCMag]
- [Tom's Hardware / TechCrunch]
- [CXOToday / Security Affairs]
- [ZDNet / Ars Technica]
Tags: Ataque DDoS Microsoft Azure, Segurança em Nuvem, Botnet Aisuru, Cibersegurança, IoT, Infraestrutura de TI, Mitigação DDoS.
Caio Vinicius F. Cunha
Analista de Tecnologia e Inovação
Analista de Tecnologia e Inovação
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