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Maturidade em Cibersegurança no Brasil: Relatório Revela Lacunas Críticas de Governança

O 1º Relatório Nacional de Cibersegurança aponta que apenas 35% das empresas brasileiras adotam o conceito de *Security by Design*. O estudo da Cyber Economy Brasil revela falhas graves na governança, falta de métricas estratégicas e ausência do tema nos conselhos de administração.

Caio Vinicius F. Cunha
Caio Vinicius F. Cunha
Analista de Tecnologia e Inovação
17 de novembro de 2025
5 min de leitura
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Maturidade em Cibersegurança no Brasil: Relatório Revela Lacunas Críticas de Governança

 

A transformação digital no Brasil ocorre em velocidade acelerada, impulsionando novos produtos e serviços. No entanto, um diagnóstico recente traz um alerta preocupante para o mercado corporativo: a inovação está superando a capacidade de proteção das empresas, gerando uma perigosa "dívida técnica de segurança".

O cenário foi detalhado no 1º Relatório Nacional de Cibersegurança, divulgado em novembro de 2025 pela Cyber Economy Brasil. Baseado no índice IMRCiber (Índice de Maturidade e Risco Cibernético) e em entrevistas com cerca de 350 líderes de tecnologia, o estudo expõe que a maturidade em cibersegurança no Brasil ainda enfrenta barreiras estruturais significativas.

A principal descoberta indica que a segurança digital ainda é tratada, na maioria dos casos, como uma etapa posterior ao desenvolvimento, e não como um pilar estratégico do negócio.

 

A Ausência do Security by Design e seus Riscos

O dado mais alarmante do relatório refere-se à metodologia de desenvolvimento e proteção de ativos digitais. Apenas 35% das empresas brasileiras aplicam o conceito de Security by Design (segurança desde o projeto).

Isso significa que a vasta maioria das organizações trata a cibersegurança como um "add-on" — um componente adicionado apenas após o produto ou sistema já estar pronto. Essa abordagem reativa cria vulnerabilidades estruturais, pois a proteção não está integrada à arquitetura da solução.

Ao negligenciar a segurança na fase de design, as empresas aumentam sua superfície de ataque. Considerando que o Brasil é reconhecido como um dos maiores alvos de ransomware do mundo, essa baixa adesão ao Security by Design coloca operações inteiras em risco iminente.

 

Governança e Liderança: O Vácuo na Tomada de Decisão

Para além das questões técnicas, o relatório da Cyber Economy Brasil identifica um problema grave de governança corporativa. A maturidade em cibersegurança depende diretamente do envolvimento da alta liderança, algo que os dados mostram ser escasso no cenário nacional.

Os números sobre a gestão de segurança são críticos:

  • Falta de Liderança Dedicada: 83% das empresas analisadas não possuem um CISO (Chief Information Security Officer) dedicado exclusivamente à segurança da informação com assento ou influência direta no conselho.
  • Ausência Estratégica: Em 70% dos conselhos de administração, o tema "cibersegurança" não aparece com regularidade na pauta de discussões.

Essa desconexão entre a área técnica e o board executivo impede que os riscos cibernéticos sejam tratados como riscos de negócio. Sem um executivo focado influenciando as decisões, os investimentos em proteção tendem a ser reativos e insuficientes.

 

Gestão às Cegas: Falta de Métricas e Auditoria

O estudo também destaca que, mesmo quando há intenção de proteger, muitas empresas operam sem visibilidade real da eficácia de suas ações. A gestão baseada em dados concretos ainda é uma exceção.

Apenas 25% das organizações possuem indicadores (KPIs) estratégicos capazes de medir, de fato, a eficiência das suas iniciativas de proteção digital. Sem métricas claras, torna-se impossível justificar orçamentos ou corrigir rotas de defesa de forma ágil.

Além disso, a continuidade dos negócios está ameaçada pela falta de verificação. O relatório aponta que 70% das empresas não auditam seus planos de continuidade de negócios e recuperação de desastres (Disaster Recovery). Em um cenário de ataque bem-sucedido, essas companhias não têm garantia de que conseguirão recuperar suas operações em tempo hábil, o que pode resultar em prejuízos irreversíveis.

 

Conclusão

O 1º Relatório Nacional de Cibersegurança serve como um chamado urgente para a reavaliação das estratégias corporativas. A inovação tecnológica não pode caminhar desacompanhada de uma estrutura robusta de proteção. A atual disparidade cria um ambiente onde a maturidade em cibersegurança no Brasil precisa evoluir de uma postura reativa para uma abordagem integrada e estratégica.

Para mitigar esses riscos, as empresas devem buscar parceiros tecnológicos que priorizem a segurança desde a concepção dos projetos e que ofereçam visibilidade clara sobre os riscos.

Entenda como a CFATECH pode apoiar sua empresa na implementação de uma governança de TI segura e eficiente, garantindo que sua inovação esteja sempre protegida.

 

Fontes

  • 1º Relatório Nacional de Cibersegurança — Cyber Economy Brasil (Novembro/2025).
  • Dados do índice IMRCiber (Índice de Maturidade e Risco Cibernético).

 

Tags: Maturidade em Cibersegurança no Brasil, Security by Design, Governança de TI, Cyber Economy Brasil, CISO, Gestão de Riscos.

Caio Vinicius F. Cunha

Caio Vinicius F. Cunha

Analista de Tecnologia e Inovação

Analista de Tecnologia e Inovação

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